Maria Reis apresenta "Suspiro..."
10,00 (BOL e, no próprio dia, na bilheteira do Salão)
9,00€ (lojas parceiras)
8,00€ (descontos: desempregados, estudantes, maiores de 65 e profissionais das artes e da cultura)
Após aquela que pode ser vista como uma trilogia formada por discos de curta e média duração e volvidos exactamente dois anos desde que 'Benefício da Dúvida' encerrou esse mesmo ciclo, marcado por um processo de aprendizagem constante que a viu florescer e afirmar-se definitivamente como uma das vozes mais fundamentais da canção feita por estes lados, Maria Reis regressa às edições com 'Suspiro...'. Álbum criado em estreita colaboração com Tomé Silva - jovem e mui versátil músico e produtor que tem vindo a dar cartas na música feita por cá em tempos recentes -, desenhado e captado na intimidade do seu quarto, 'Suspiro...' não faz por cortar com esse passado ainda recente, até porque existe já faz tempo uma linguagem marcada, mas reflecte uma maturidade lírica e nos arranjos apenas possível a quem reconheceu todos os ensinamentos prévios para daí chegar a um novo patamar para a eternidade da canção. Projecção de diferentes estados emocionais e espaços físicos ao longo deste tempo que foi passando, 'Suspiro...' carrega na aparente simplicidade do seu título essa mesma multiplicidade de sentidos, de um acto tão natural que tanto pode ser de irritação como de amor, de resignação ou superação. A vida num suspiro? Já estivemos mais longe.
Observadora atenta e sensível do espaço íntimo e circundante, Maria Reis continua a explorar a palavra de uma forma muito sua, num acto poético tão brutalmente honesto e cru quanto pejado de alusões imagéticas, a encantar aquele mundano facilmente relacionável de lirismo. Atravessado por uma espécie de melancolia resignada e algo sonhadora, 'Suspiro...' assenta maioritariamente em guitarras acústicas e eléctricas, ritmos simples mas expressivos, harmonias vocais planantes e uma voz quase tangível na sua entrega, a sacar os ganchos mais memoráveis sem medo de expor as suas fragilidades e grão, e tão mais humana por isso mesmo. A contenção quase trágica de 'Amor Serpente' que desemboca num daqueles refrões para a vida - "E sei que gostas da cara que faço quando estás dentro de mim" -, a pop iluminada de 'Estagnação' ou 'T-shirt', a crueza descarnada de 'Holofote', a hipnose esfuziante de 'Pico', a energia electrificada de 'Meta Data' ou o final com os teclados e efeitos quase lúdicos de 'Coisas do Passado' a comporem todo um mosaico de vivências reais e imaginadas em que todas nós nos podemos espelhar. No fundo, algo que Maria Reis tem vindo a fazer com notável saber, honestidade e jogo de cintura que tem em 'Suspiro...' um novo fôlego essencial.